quinta-feira, 20 de junho de 2013

O COMPLEXO DARTH VADER - Ideias sobre outras formas de Organização Social (horizontais, em redes mais distribuídas que centralizadas, sem líderes fixos) que muitos de nós acreditamos estarem maduras para serem praticadas.

    Nós que pesquisamos, já há alguns anos, a potencialização das Redes Sociais (que sempre existiram onde dois ou mais seres se reuniram para trocar afetos, alimentos e conhecimentos) pelas modernas Mídias Digitais (Blogs, Facebook, Ning,  Twitter, etc.) olhamos com admiração e esperança para os eventos que evidenciam a força destas Redes Sociais.

    Nestes tempos em que a Sociedade Brasileira ensaia, com acertos e erros, algumas iniciativas de Organização Horizontal (em redes mais distribuídas que centralizadas, sem líderes fixos) vale a pena analisar as ideias expostas abaixo.

    Estas ideias são sobre outras formas de Organização Social que muitos de nós acreditamos estarem maduras para serem praticadas.



O COMPLEXO DARTH VADER
EXCERTOS
(1992-1998)

Augusto de Franco (E=R - Escola de Redes)
(...) “Com alguma correção pontual, aqui e ali - mas sem aduzir nada de novo – transcrevi o Complexo Darth Vader. Na verdade, fiz um apanhado de algumas partes da argumentação central dos oito capítulos do livro, constituída por sentenças ou grupos de sentenças numeradas de 1 a 131. Omito a introdução e os extensos Créditos e Notas e Comentários, mantendo, todavia, o Epílogo.

São Paulo, inverno de 2010.”

Prólogo
1 - A vida da nossa civilização continua sendo basicamente a mesma, há pelo menos seis milênios. Tal afirmativa não é óbvia. O mundo já passou por inúmeras transformações sociais nesse período. Já tivemos sociedades teocráticas, como o Antigo Egito. Depois tivemos várias sociedades escravistas, como Grécia e Roma. Depois, ainda, a Europa feudal e as sociedades modernas... Do Oriente ao Ocidente, a variedade é imensa. Todavia, essas sociedades são bastante semelhantes de certo ponto de vista: todas elas são sociedades de dominação.

2 - Etruscos e caldeus, vedas e hititas, incas e astecas, gregos e romanos, são muito parecidos deste ponto de vista: o ponto de vista do padrão civilizatório. Todos esses povos viviam em sociedades de dominação, baseadas num mesmo paradigma, o paradigma da tradicionalidade. Todas essas sociedades estavam baseadas num mesmo "modelo", que apareceu pela primeira vez na proto-história da antiga Suméria, entre meados do quinto e o início do quarto milênios. Antes disso tivemos com certeza pelo menos outra grande mudança de padrão civilizatório conhecida. Foi há onze mil anos, com o advento da aldeia agrícola neolítica, no início do nono milênio; ou, talvez, por volta de 7.500 a. E. C., coincidindo com a invenção da cerâmica.

3 - Depois que o protótipo sumeriano se instalou, depois que aldeia neolítica deu lugar ao complexo Templo-Palácio - quer dizer, à cidade sumeriana, sagrada e murada - não tivemos mais nenhuma mutação civilizacional. De lá para cá vivemos sob a égide do Templo-Palácio - da Coroa, do Cetro, do Bastão e da Espada - sob diversas aparências, mas escondendo um mesmo conteúdo básico. E ainda estamos imersos em uma sociedade de predadores eco-sociais, onde predominam as realidades do Estado-nação, da guerra como modo de resolver conflitos e, por conseguinte, da ordem militar e das armas, do patriarcado, da família monogâmica e de formas não-sociais de propriedade.

4 - Nossa política ainda é "uma guerra sem derramamento de sangue", como definia cruamente o líder comunista Mao Tsé-Tung. E nossos esportes ainda são praticados como "uma guerra sem mortes", como percebeu o escritor George Orwell décadas atrás.

5 - Nosso mundo ainda é um "espaço" hierarquizado e verticalizado, dividido entre superiores e inferiores: sábios e ignorantes, ricos e pobres, fortes e fracos. E onde tudo é  separado: os sadios dos doentes, os jovens dos idosos, os adultos das crianças, os homens das mulheres – mantendo-se a prevalência e o domínio de uns sobre os outros, quer dizer, dos primeiros sobre os segundos.

6 - Nosso padrão de desenvolvimento continua sendo insustentável e os seres humanos prosseguem imaginando que podem dominar a natureza, esgotar recursos não-renováveis e encher o planeta de lixo.

7 - Nossa moralidade ainda está baseada nas ideias de um bem separado do mal e de uma ordem separada do caos. E persistimos demonizando o caos em todos os campos da atividade humana, desde a ordem social, passando pela expressão da sexualidade, até a organização do conhecimento.

8 - Estabelecemos cânones de uma ciência promovida à pansofia – nova "religião laica", onde graus, sacerdotais, são conferidos por castas que se condecoram mutuamente com títulos de Masters e Doctors. Tudo que foge desses cânones, porque não consegue tirar o "passaporte epistemológico" exigido e aceito, é liminarmente reprovado como conhecimento não-válido, inverdade ou heresia.

9 - Nossos tribunais superiores de justiça ainda são chamados de cortes, mesmo naquelas sociedades que já se desvencilharam da monarquia como sistema de governo há mais de um século, e seus membros são nomeados pelo poder político com base em critérios, mais uma vez sacerdotais, de notório saber.

10 - Fundamentalmente, porém, ainda vivemos - em plena sociedade moderna e a menos de quatro anos do terceiro milênio - sob o poder do mito, possuídos coletivamente por complexos que nos impelem a infligir sofrimentos a seres humanos e a outros seres sencientes. Neste livro reúnem-se algumas reflexões sobre um desses complexos, chamado Complexo Darth Vader.

11 - Os sistemas (anti)sociais de dominação, caracterizados pela prevalência de atitudes autocráticas diante da política e hierárquicas diante do poder, surgiram e se desenvolveram em consonância com atitudes sacerdotais diante do saber e com atitudes míticas diante da história. A autocracia imposta pelos monarcas-militares e a hierarquia introduzida pelos guerreiros-conquistadores são implicadas por uma visão mítico-sacerdotal do mundo, que não surge "naturalmente", como consequência de qualquer coisa que se pudesse identificar como evolução humana.

12 - De certo ponto de vista (se pudéssemos aplicar aqui o conceito de evolução), a aldeia neolítica era mais "evoluída" - em termos de desenvolvimento humano e social sustentável - do que a cidadela guerreira dos conquistadores patrilineares surgida bem depois. Tudo se passa como se algumas sociedades pré-históricas tivessem sido possuídas por uma espécie de complexo, uma constelação de conteúdos inconscientes reunidos durante uma "noite dos tempos" que, em determinado momento, irrompeu à luz do dia. O inconsciente de onde brotaram tais conteúdos que vieram à tona não existiu sempre (como se fosse uma característica inerente ao homo sapiens). Esse inconsciente foi formado socialmente.

13 - É como se a humanidade estivesse sujeita a um tipo diferente de complexo, ainda não devidamente identificado e estudado: uma construção espiritual autônoma, capaz de "superviver" na história, com poder realizador na invenção de tradições e papel pré-cursor na fabricação de caminhos. Não se trata propriamente de um complexo em termos psicológicos, mas ideológicos. Poderíamos chamá-lo de Complexo Darth Vader, evocando aquele personagem da série de ficção "Guerra nas Estrelas" de George Lucas. Joseph  Campbell chegou a reconhecer em Darth Vader o padrão do poder - "um poder abstrato, que representa um princípio": o poder vertical. Campbell dizia que Darth Vader representa "uma força monstruosa, a força do Império, que se baseia na intenção de conquistar e comandar". Para ele, "Darth Vader não desenvolveu [a] própria humanidade. É um robô. É um burocrata, vive não nos seus próprios termos mas nos termos de um sistema imposto".

14 - A espada do guerreiro ("ariano" - conquanto isso seja uma construção ideológica), que tira a vida num gesto ritual e o muro (sumeriano) da separação entre sagrado e profano (que coloca sempre um "nós" contra os "outros") são os elementos constituintes do culto da morte e da ordem que gerou esse complexo ideológico que "supervive" até hoje na humanidade: o Complexo Darth Vader.

15 - Norbert Wiener dizia que “um padrão é uma mensagem que pode ser transmitido como tal e que se perpetua a si próprio”. Ele se referia aos seres humanos, mas o dito vale também para o caso das sociedades ou das civilizações. Então o padrão militar de Darth Vader tende a se perpetuar, por transmissão, para outras regiões do tempo. É por isso que  todos os exércitos se parecem: da antiga Esparta, passando pelos romanos, até os ingleses do século 19. E o general norte-americano, de um país capitalista, reconhece, como general, o general chinês, daquele que seria o exército do povo. Isto é o que chamamos de tradição.

16 - O padrão militar, gerado por atitudes hierárquicas diante do poder, vem sempre acompanhado de outros padrões, gerados por atitudes correspondentes que compõem o mesmo sistema paradigmático, como as atitudes míticas diante da história, sacerdotais diante do saber e autocráticas ou monárquico-militares diante da política. As coisas vêm sempre juntas. Não podemos esquecer que na saga mítica de George Lucas, Darth Vader está hierarquicamente subordinado ao mago-imperador, que controla todo o sistema manipulando forças sobre-naturais anti-humanas do chamado "lado negro da Força". A expressão "Complexo Darth Vader" designa esse sistema de atitudes-matrizes e de padrões que compõem o
paradigma da tradicionalidade, e não apenas o padrão específico do guerreiro-militar.

17 - Os complexos ideológicos são um produto de "magia histórica", pela qual tenta-se modificar o futuro. Os sistemas ideológicos que inventam tradições objetivam a recriação de um passado que não existiu (não, pelo menos, na forma recriada por eles) para privilegiar certa linha de desenvolvimento histórico capaz de conduzir (ou induzir) uma determinada coletividade para um futuro pré-concebido. Os últimos seis mil anos da história humana fornecem exemplos suficientes da capacidade de predeterminação desse complexo ideológico que instaurou na terra dos homens o poder vertical, simbolizado pela assustadora figura daquele hierarca de "Guerra nas Estrelas" chamado Darth Vader.

(...)

20 - Levantou-se recentemente a hipótese de que em algum momento do final do quinto milênio (ou no início do quarto) entramos em um dos ramos de uma bifurcação que nos conduziu a este tipo de civilização em que vivemos. Se tivéssemos tomado o outro caminho, tudo poderia ter sido diferente. Ora, se conseguirmos descobrir alguma coisa das origens da visão de mundo que acompanhou e possibilitou a criação deste tipo de civilização em que vivemos - patriarcal, guerreira e dominadora: a civilização dos predadores eco-sociais - quem sabe poderemos imaginar como tudo poderia ter sido diferente. Se tivéssemos tomado o outro ramo da bifurcação, quem sabe fôssemos hoje algo assim como simbiontes em vez de predadores.

21 - Talvez não seja possível detectar os rastros de um simbionte primitivo, se é que ele existiu; ou seja, apresentar evidências da presença pré-histórica de seres humanos que viviam em regime de parceria, entre si e com a natureza. Todavia, parece não ser impossível imaginar como seria uma civilização de simbiontes desenvolvidos. Este é o motivo pelo qual vale a pena o esforço de investigar as características "genéticas" (meméticas) do padrão do predador, simbolizado pela figura de Darth Vader. Porque se tudo poderia ter sido diferente, então tudo poderá ser diferente.

(...)

55 - Na mitologia sumeriana o homem foi criado pelos senhores - os Dingir - para suportar o jugo, sofrer a fadiga. Já foi criado como trabalhador, escravo dos deuses. E foi a escravidão do homem que propiciou a liberdade  dos deuses. Num antigo texto - chamado "A Epopéia da Criação" – Marduk (um Dingir sumério) fala mais ou menos assim: "Eu produzirei um primitivo inferior. 'Homem' será seu nome. Eu criarei um trabalhador primitivo. Ele será encarregado do serviço dos deuses, para que estes possam ter seu descanso". A "lógica" da coisa é muito clara. O homem é um ser inferior, servo dos deuses que são seres superiores. Logo, o homem também deve ser servo daqueles que foram instituídos na terra como representantes ou intermediários dos deuses: os sacerdotes-reis. E assim como os seres humanos, nas primeiras civilizações, não adoravam propriamente a seus deuses, antes os temiam e trabalhavam para eles (o termo bíblico avod, traduzido por "adoração", também significa "trabalho"), assim deveriam trabalhar para seus superiores humanos que representavam os superiores divinos (sobrehumanos). Sem dúvida, uma mitologia muito conveniente para os poderosos.

56 - Na antiga Suméria os superiores humanos tinham a missão de ensinar aos inferiores humanos o "caminho certo", os "costumes certos" e a "adoração adequada", por meio de um sistema imposto de regras práticas de comportamento e normas de moralidade. Mas a moralidade humana, que regulava a vida dos inferiores, não era a mesma moralidade dos
superiores. A ortodoxia moral que valia para os homens não valia para os deuses. Para constatar isso basta ler o relato sobre mentiras, tramas, traições, incestos, estupros, manipulações e outras violações e abusos que compõem as crônicas das cortes divinas.

57 - A moralidade introduzida na cidade sumeriana era, na verdade (com perdão do trocadilho) uma "muralidade". Existiam muros, muitos muros, separando tudo, para manter a pureza dos lugares que não deveriam ser profanados. o recinto sagrado era, inicialmente (como revela a etimologia da palavra 'sagrado' em língua suméria), o espaço separado, cujo acesso era permitido apenas aos superiores ou àqueles a quem estes designavam. O "código de pureza" aqui inaugurado vai se perpetuar no tempo. Um bom exemplo dessa tradição é o livro bíblico chamado Levítico, escrito mais ou menos três milênios depois do surgimento das primeiras cidades-Templo sumérias, contendo proibições e mais proibições para estabelecer o que se pode e o que não se pode fazer, introduzindo "muros" em todos os aspectos e detalhes da vida.

58 - Se existiu mesmo essa "noite dos tempos" em que o poder vertical foi fundado na terra, ela deve ter ocorrido entre o quinto e o terceiro milênios. O período mais provável é o quarto milênio, em que, aliás, já se tem notícia de um sistema de dominação organizado na planície de Gorgan, no nordeste do Irã. Porém antes disso um protótipo do que chamamos de civilização havia sido ensaiado em Kish e em outras teocracias rigidamente centralizadas da antiga Suméria.

59 - Começando pelas cidades-Templos sumerianas, a expansão desse tipo de sistema de dominação se deu no terceiro e no segundo milênios, com os impérios egípcio, sobretudo na chamada "era das pirâmides" (entre 2.700 e 2.200) e babilônico, por volta de 2.000 (a. E. C.). Temos também o império hitita na Anatólia (entre 1.600 e 1.200), o Estado Assírio (por volta de 1.800) e, bem antes, o de Sargão (entre 2.400 e 2.220 aproximadamente). Todos eles fazem parte desse tempo inaugural de guerras, dessa chamada "idade dos heróis"  que Jacques Dupuis disse, com razão, que nada mais era do que uma idade de predadores e de senhores.

60 - Em meados do segundo milênio a dominação já estava consolidada, com a destruição da civilização do Vale do Indo, por volta de 1.550 e o fim de Creta um século depois. A Suméria, o Egito e a Babilônia podem ser tomados como momentos simbólicos referenciais dessa formidável transformação que introduziu o poder vertical na vida espiritual e social
daquelas sociedades.

(...)

89 - Todos nós somos seres cindidos interiormente. Há uma cisão interior que é necessária aos sistemas de dominação. O predador é o ser humano cindido interiormente. É um produto da quebra da unidade sinérgica do simbionte. Preda porque quer recuperar, devorando, suas contrapartes, num ritual antropofágico em busca da unidade perdida. É por isso que nos apegamos tanto à guerra do bem contra o mal. Mas o problema, como disse Schmookler, é que o recurso da guerra é em si o mal.

90 - Segundo a psicologia analítica a psique cindida precisa de guerras e competições porque possui uma sombra. O problema é como surgiu esse arquétipo da sombra. Ela não nasceu conosco? Por que teria nascido? Precisamos de fato dessa "sombra"? O problema é se alguém precisa dela!

91 - Se a sombra não for uma característica da espécie humana, então ela "entrou" em nós em algum momento. Quer dizer, alguma constelação particular só teria conseguido se reproduzir se nós nos transformássemos em seus agentes reprodutores. Para tanto, fez-se necessário que tal arquétipo fosse "implantado" abaixo do nível da consciência, para que pudesse emergir como uma complexo capaz de possuir indivíduos e sociedades. Agora compreendemos uma coisa: a pulsão básica que leva o ser humano a matar é a mesma que leva à ereção dos sistemas de dominação. Sim. O hierarca Darth Vader é um assassino! Mas o ser humano não é hostil por natureza. O homem hostil é próprio de um determinado tipo de civilização: a civilização dos predadores eco-sociais. Uma sociedade de parceria não necessitaria dessa dinâmica para se reproduzir.

92 - Criamos a civilização dos predadores eco-sociais tendo atitudes sacerdotais e hierárquicas diante do saber e do poder. E tendo atitudes autocráticas diante da política. Se essas atitudes não se desenvolvessem não existiria o homem hostil. Mas é necessário descobrir o quê, precisamente, nessas atitudes, modificou o mundo do simbionte enquanto outra possibilidade civilizacional.

93 - Na nossa civilização substituímos a natureza pela tecnologia e a vida pelo conhecimento da vida. Essa foi uma típica operação mágico-sacerdotal. Por outro lado, desenvolvemos aquela característica hierárquico-autocrática de trocar a relação sinérgica com as coisas, os seres e as pessoas, pelo domínio sobre elas. Ao constituir um paradigma de tradicionalidade introduzimos um padrão de ordem separada do caos. Essa ordem era, em certo sentido, alienígena, porque foi introduzida em dissonância com aquilo que poderíamos chamar de "ritmos de Gaia". Quer dizer, era uma ordem estranha à ecologia planetária. Era uma ordem baseada em tecnologia. Não é a toa que os deuses sumérios são tecnólogos!

(...)

101 - Seis mil anos depois da introdução da ordem tecnológica, os resultados desse modo-de-interagir com o mundo não se  apresentam muito animadores. O saber do eco-nomos não nos livrou da fome, das doenças, das catástrofes ou da morte. Devastamos grande parte de nossos recursos, desequilibramos os ritmos de Gaia e estamos, realmente, ameaçados de extinção como espécie.

102 - Enquanto estiver em vigência o paradigma da tradicionalidade, enquanto permanecermos possuídos pelo Complexo Darth Vader, prosseguiremos avançando como predadores, imaginando ainda (sob o influxo de um imaginário mítico) que todos os nossos carecimentos serão providos pelo desenvolvimento tecnológico. E acreditando que esse desenvolvimento poderá, magicamente, fornecer os meios para o crescimento ilimitado num mundo finito.

(...)

117 - Darth Vader não tem alma. Ou seja, não formou a sua alma humana, o seu veículo para atravessar a morte. A sua nave  (tecnológica) é o seu veículo-substituto. É um prisioneiro do seu império porque para manter esse império é obrigado a impor,   continuamente, sofrimentos aos seres humanos. Mas Darth Vader faz tudo isso porque quer controlar o futuro. Significa que ele quer ser um deus, imortal. É para escapar da morte que ele constrói seu simulacro, seu veículo substituto para a alma humana. Mas se a alma humana é "feita" com a energia da compaixão, obtida nos atos gratuitos de promover a vida e a liberdade, compartilhar o alimento, aliviar os sofrimentos dos semelhantes, a sua nave-simulacro tem que ser feita com a energia da violência, obtida nos atos instrumentais de tirar a vida, aprisionar os caminhos, se apoderar dos recursos vitais e infligir sofrimentos aos seres humanos julgados como diferentes.

(...)

122 - Não é a toa que as vertentes de pensamento ligadas à tradição não se dão muito bem com a história. Elas de fato não gostam muito das transformações que podem acontecer na história, sem que ninguém planeje, sem que exista um plano, uma inteligência superior organizando tudo, quer dizer, fazendo valer a sua ordem.

Nota final (1998)
Não pensei em escrever um livro de futurologia e sim um ensaio que reunisse fragmentos de um novo modo-de-ver as origens da cultura civilizada. Todavia, acabei imaginando possibilidades alternativas ao "modelo" sumeriano. Fui levado a isso ao constatar que, a partir desse "modelo" - como salientou o matemático Ralph Abraham (1992) - "a espécie humana vem avançando cada vez mais para dentro do mal, do demoníaco e das formas de sociedade evolutivamente mal-sucedidas".

Porque talvez a melhor maneira de criticar as coisas de que não gostamos é imaginando como desejaríamos que elas fossem. Imaginar e desejar um futuro alternativo é condição para realizá-lo. O que, certamente, é a melhor forma de mudar as coisas de que não gostamos.

Para tanto, não é necessário falar de realidades e, muitas vezes, nem de tendências verificadas hoje em dia. Ao colocar a ideia de que as coisas não precisam continuar sendo como foram estamos exercendo uma poderosa crítica ao nosso tempo.

Imaginar um desejável futuro alternativo para o mundo significa, de algum modo, desestabilizar a situação do mundo atual. Pois quando as pessoas começam a vislumbrar a possibilidade do novo, o velho pode começar a se preocupar. Levantar novas  possibilidades é contribuir para que as coisas não continuem sendo como são. É, em certo sentido, criar futuro.

Se o futuro imaginado e desejado for realizado antecipatoriamente, isto é, se algumas pessoas - e depois outras e cada vez mais gente - começarem a se comportar como se esse futuro já tivesse chegado, então ele deixa de ser futuro e passa a ser presente. Nesse caso, a mudança do velho para o novo terá se consumado.

O COMPLEXO DARTH VADER
Grupo para discutir os excertos do livro "O Complexo Darth Vader" (1992-1998).

DISCUTINDO PARÁGRAFO POR PARÁGRAFO
O texto original (excertos) foi publicado no blogpost O COMPLEXO DARTH VADER.

Há uma edição no slideshare incrustada abaixo.


               Ver também:

              A morte do rei - Estudos avançados sobre Revolução Cognitiva
          Sobre como as Organizações Atuais não estão mais funcionando e, portanto, não sobreviverão.
             Uma analogia com o processo de  Fim das Monarquias e invenção das Democracias Modernas.
               http://www.youtube.com/watch?v=l4utWnWIb60



E, para os que já descobriram que “loucura é continuar a fazer o que sempre fizemos - e que não está funcionando – e esperar resultados diferentes”:

 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Era que está Nascendo: da Internetocracia (4a. parte) - Reflexões do autor e de colaboradores, Facebook

"Internetocracia”, algo como Democracia intensificada pela WEB...-

http://poltica20-yeswikican.blogspot.com.br/2013/01/a-era-que-esta-nascendo-da.html

 

3 maio 2012 ... A Era que está Nascendo: da Internetocracia (1a. parte).

16 de maio de 2012... Um Internetocracia não pode existir em qualquer nação industrializada hoje porque suas constituições não vão apoiá-la. Isso porque a ...

Política 2.0 - Yes, WIKI CAN:A Era que está Nascendo: da Internetocracia (3a. parte) - Os argumentos contra e suas refutações
16 de outubro de 2012 A Era que está Nascendo: da Internetocracia (3a. parte).





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Atenciosamente.
Claudio Estevam Próspero 
http://mitologiasdegaia.blogspot.com/ (Blog: Mitologias de Gaia)
http://criatividadeinovao.blogspot.com/ (Blog: Criatividade e Inovação)
http://redessociaisgovernanaliderana.blogspot.com/ (Blog:Governança e Liderança em Redes Sociais)
http://reflexeseconmicas.blogspot.com/ (Blog: Reflexões Econômicas)
http://poltica20-yeswikican.blogspot.com/ (Blog: Política 2.0 - Yes, WIKI CAN)
http://mobilidadeurbana-prosperoclaudio.blogspot.com/  (Blog: Mobilidade Urbana)
**  http://automacao-inteligencia-organizacional.blogspot.com.br/ (Blog: Automação e Inteligência Organizacional)
http://www.portalsbgc.org.br/sbgc/portal/ (Comunidade Gestão Conhecimento)

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